A longa caminhada até a liberdade



Mensagem de Mauro Wainstock, diretor do ALEF News – Estamos nos aproximando de Pessach, a “Festa da Liberdade”, que relembra a saída do povo judeu do Egito a caminho de Eretz Israel. Tanto quanto a liberdade física, nós, judeus, ansiamos pela liberdade espiritual, livre de preconceitos, de extremismos, de ódio.
Livres para continuarmos contribuindo com a humanidade, seja nas ciências, nas artes, na tecnologia.
Livres para que o único país judaico, Israel, continue sendo referência em educação e em ações de solidariedade.
Pessach Sameach! Vamos fazer acontecer!


Mensagem do rabino Jonathan Sacks: Há 3.300 anos, um grupo de escravos foi libertado e começou aquilo que Nelson Mandela chama de “A longa caminhada até a liberdade”. E desde então nós revivemos a história deles pelo que chamamos de Pessach.

Para mim, isso levanta uma questão fascinante. Imagine se pudéssemos voltar no tempo e conhecer o grande faraó em pessoa, Ramsés II. Eu sei o que eu diria: “Ramsés, tenho boas e más notícias. A boa notícia é que um povo que existe hoje ainda existirá daqui a milhares de anos. A má notícia é que não será o seu. Será aquele grupo de escravos lá fora, trabalhando na construção de teus grandes templos, o povo que você chama de habiru ou hebreus, os filhos de Israel”.

Nada poderia soar mais absurdo. O Egito dos faraós era o maior império do mundo antigo, e os hebreus não eram nada – faziam trabalho escravo, eram impotentes, ainda nem eram uma nação. Mas foram eles, e não os faraós, que sobreviveram e continuam até hoje.

Como isso aconteceu? Acredito que a resposta seja esta.

O antigo Egito e a antiga Israel eram dois povos que que fizeram a mais decisiva das perguntas: como, num curto período de tempo, é possível criar algo que perdure para sempre? Como é possível conquistar a imortalidade?

Os egípcios deram uma resposta: construir grandes monumentos de pedra – templos, pirâmides – que resistirão aos ventos e areias do tempo. E assim fizeram. O que eles construíram continua em pé. Mas apenas os edifícios, e não a civilização que um dia lhes deu vida.

Os israelitas deram uma resposta diferente. Vocês não precisam criar monumentos. Tudo o que precisam fazer é contar a história de geração após geração. Vocês precisam gravar seus valores nos corações dos seus filhos e eles nos dos filhos deles, de modo que vocês vivam dentro deles, e assim por diante, até o fim dos tempos. Vocês precisam construir uma civilização centrada no lar, na escola e na educação, como uma conversa entre gerações. Vocês precisam colocar as crianças em primeiro lugar. É isso que os judeus têm feito por milhões de anos, e é por isso que estamos aqui hoje.

E se há uma mensagem que eu gostaria de gritar para todo mundo ouvir seria esta: cuidem do casamento, da paternidade e da família. Vamos passar um tempo com os nossos filhos, contando nossa história, transmitindo a eles nossas esperanças e sonhos. Nós não fazemos isso o suficiente hoje em dia, e é isso que faz toda a diferença. É isso, e somente isso, que mantém uma civilização viva.