Antes de Chanuká, Disney lança a sua primeira princesa judia

A princesa Rebecca, do reino Ladino da Galônia, apareceu em um episódio de Elena de Avalor que foi ao ar no dia 6 de dezembro. Elena é uma princesa Latinx que é a peça central da série da Disney Junior Channel, vencedora do Emmy, que estreou em 2016.
No episódio, intitulado “Festival das Luzes”, Rebeca e sua família naufragam na costa de Avalor enquanto retornam para casa para celebrar Chanuká. Elena os recebe em seu palácio e os convida a celebrar a festa e a ensinar sobre suas tradições. Rebeca acende uma chanukiá – o candelabro símbolo da festa – e ela e sua família (Tovah Feldush interpreta a avó de Rebeca, Miriam, também conhecida como “Bubbie”) contam a história da luta de seu povo. Há também sorvete de chocolate, de uma loja local e um pião (sevivon, em hebraico).
“Sempre foi importante para nós em Elena de Avalor mostrar a diversidade das culturas latina e hispânica”, disse Craig Gerber, criador e produtor executivo da série, em entrevista à Remezcla. “Decidimos nos concentrar em Chanuká e em uma parte da cultura que ainda não tínhamos representado no programa”.
Jamie Lynn-Sigler, mais conhecida por seu papel como a princesa da Máfia Meadow em Os Sopranos, dublou o papel de princesa, cantando o número “Esta noite de Chanuká”. A atriz, criada em Nova York na fé judaica de seu pai, fez bat-mitzva e viajou para Israel em 2008.
As respostas ao episódio foram fortes e favoráveis. “Eu já vi muitos especiais nas férias sobre princesas, e esta é a primeira vez que a Disney lança um sobre personagens que cresceram com as mesmas tradições que eu”, escreveu Lisa Dawn, no Blog das Princesas. “Isso é muito importante porque apresenta o judaísmo para o público infantil de hoje, mostrando que nem todas as princesas dos contos de fadas celebram o Natal”.
Alguns podem se perguntar se isso é realmente um marco ou muito barulho por relativamente pouco. Uma princesa da TV a cabo, protagonizada por um único episódio especial, conta como uma princesa judia oficial da Disney? Ela vai se tornar uma boneca?
O especial é de um estúdio cujo fundador foi perseguido por acusações de antissemitismo, ao longo de sua vida e até depois. Apesar das isenções corporativas da Disney, Walt era conhecido por fazer comentários antissemitas. Ele teve confrontos amargos com alguns artistas judeus que contratou. E ele permitiu que uma feia caricatura de vendedor ambulante entrasse no curta “Três Porquinhos”. Então esse episódio de Chanuká pode fazer Walt girar em seu fabuloso tanque criogênico.
Alguns podem se perguntar se a nova princesa judia é uma resposta a sugestões de numerosos setores de que chegou a hora de serem incluídos personagens judeus da Disney.
No entanto, em um sentido mais amplo, a iniciativa pode ser interpretada como um pedido de desculpas corporativo atrasado, ou um reconhecimento tardio e simbólico da comunidade judaica. É o exemplo mais recente da paleta de diversidade de princesas/heroínas em expansão e evolução da Disney. Essa expansão de religião e etnia floresceu sob a liderança de dois judeus na Disney, Michael Eisner e Jeffrey Katzenberg (este último fez o filme de animação ‘O Príncipe do Egito’, sobre Moisés).
O roteiro do episódio de princesa judia da Disney foi escrito por Rachel Ruderman, também responsável pela Elena de Avalor. “Eu adoraria ver um filme sobre uma princesa judia da Disney algum dia, ou talvez uma série como a de Elena”, escreveu Dawn em seu blog. “Sou grata por essa pequena contribuição que a Disney deu à minha cultura depois de tantos anos de silêncio. Adoro que a Disney queira que judeus como eu se sintam reconhecidos”.


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