Cientista israelense que mostrou como as árvores se comunicam vem ao Brasil

Tamir Klein, pesquisador do Instituto Weizmann de Ciências, foi o primeiro a observar a existência do “comércio de carbono” entre as raízes das árvores próximas. Ele virá ao Brasil para participar do “XXV Congresso Mundial da União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal”, que acontecerá de 30 de setembro a 05 de outubro, em Curitiba, com palestrantes de importância global na área florestal.

Trata-se uma rede global de cooperação em ciências florestais que reúne mais de 15.000 cientistas de 126 países. A missão da IUFRO é promover a cooperação internacional em estudos científicos, abrangendo todo o espectro da pesquisa relacionada a florestas e árvores, para o benefício das florestas e das pessoas que dependem delas.

O Dr Tamir Klein integra um time internacional de trabalho sobre mortalidade global das árvores e, na sua palestra, que acontece no dia 02 de outubro, vai apresentar uma análise da perda florestal em Israel atribuível às mudanças climáticas. Ele reuniu dados de pesquisas florestais e imagens de satélites para criar o primeiro registro espacial e histórico de mortalidade das árvores em escala nacional.

Israel é um país com um mosaico de áreas florestais pequenas que ocupam 7% do território. Desde 1991 a mortalidade das árvores tem aumentado significativamente: em 24% dos eventos, a perda estava diretamente relacionada à seca, 58% ao fogo e 69% a incêndios em áreas secas. As coníferas foram desproporcionalmente mais afetadas do que as árvores nativas. Sua pesquisa confirmou o aumento desse fenômeno nas últimas décadas, e o papel dominante da seca, e abre um caminho para melhorar o monitoramento que garanta a sustentabilidade florestal à as mudanças climáticas.

O Dr. Tamir Klein estuda as florestas fazendo medições que capturam em detalhes como as árvores se adaptam à seca. Sua pesquisa eco-fisiológica descobriu como as árvores reciclam água e nutrientes entre as folhas, caules e raízes e até mostrou evidências de uma espécie de “comércio de carbono” entre as raízes das árvores próximas.

Durante seu pós-doutorado na Universidade de Basileia, Suíça, o Dr. Klein quantificou, pela primeira vez, a transferência de carbono e outros nutrientes entre árvores de diferentes espécies mostrando de forma inédita como as árvores literalmente se comunicam para se manterem saudáveis. Em um artigo publicado na revista Science (2016) mostrou que esse “comercio” responde por até 40 % do carbono das raízes.

Como os modelos climáticos preveem que em muitas regiões do planeta as secas vão aumentar em frequência, intensidade e duração, ele pesquisa também os fatores que determinam a resistência e resiliência à seca das árvores frutais, entre elas os limoeiros.