Exposição de Anna Bella Geiger poderá ser visitada até o dia 28 de julho no Museu de Arte Moderna/RJ

Montada originalmente há 47 anos no Museu de Arte Moderna do Rio, a exposição “Circumambulatio” uniu duas pontas da carreira de Anna Bella Geiger, a de artista visual e a de professora, ofícios que continua desenvolvendo até hoje, aos 86 anos. O título, em latim, vem de “circumambulação”, o ritual de caminhar em espiral ao redor de objetos sagrados. As experiências de Anna Bella e de seu grupo de alunos do curso de artes visuais do MAM, no entanto, partiram da dessacralização do museu como espaço de conhecimento e seguiram para ambientes alternativos, como as áreas próximas à instituição e as margens de uma então pouco desbravada Lagoa de Marapendi, na Barra. Recriada no terceiro andar do museu, a mostra é uma das atrações da panorâmica “Aqui é o centro”, em cartaz no MAM até o dia 28 de julho. A exposição também conta com 20 obras de Anna Bella, pertencentes ao acervo MAM, produzidas entre os anos 1960 e 1990.

A exposição de 1972 é tida como um divisor de águas na carreira da artista. A partir dali, ela passa da abstração informal às questões conceituais que marcaram sua produção a partir dos anos 1970. Tudo começou fora do museu, não por questões formais ou estéticas, mas por um temor comum aos anos da ditadura militar. “Na época, a gente ouvia boatos de que havia agentes dos militares infiltrados no museu, nos sentíamos vigiados. Eu, que já estava com vontade de sair da sala de aula, resolvi levar os alunos para fora do museu”, recorda Anna Bella. “Tinha uma ideia da prática que queria, mas dizia que não sabíamos o que iríamos fazer. O material das aulas eram coisas que os alunos encontravam, às vezes pedia para que trouxessem um ancinho e uma pá”.

Em setembro, a artista será homenageada pelo Prêmio Marcantonio Vilaça, na coletiva itinerante que terá início no Museu de Arte Brasileira da Faap, em São Paulo; e, em novembro, ela ganha uma panorâmica no Museu de Arte de São Paulo (Masp), dentro do tema escolhido pela instituição este ano, “Histórias das mulheres, histórias feministas”.