Kleztival – Festival Internacional de Música Judaica inova com a pandemia

Pela primeira vez em 11 anos de existência, o Kleztival – Festival Internacional de Música Judaica, comandado por Nicole e Edy Borger, Bruno Szlak e diretoria, ocorreu de forma virtual.

Segundo Nicole “fomos buscar em nossos objetivos institucionais que preconizam nossa vocação para preservar e promover a cultura judaica através da música e estimular e divulgar o trabalho de artistas nacionais e internacionais, que atuam nesse gênero musical. Foi daí que surgiu a inspiração para a criação do Bubbe Awards.”

Os vencedores dos Prêmios Bubbe, uma competição internacional de música judaica, foram anunciados durante uma cerimônia de premiação transmitida pelo YouTube.

O concurso foi organizado como parte do festival internacional de klezmer, “Kleztival”, realizado em São Paulo, Brasil: 136 cantores e músicos de 22 países enviaram canções escritas durante o ano judaico de 5780 (setembro de 2019 a agosto de 2020). O júri selecionou 10 finalistas em três categorias: “Melhor Videoclipe Judaico”, “Melhor Nova Canção Iídiche” e “Melhor Tema Instrumental Klezmer”. As dez inscrições em cada categoria escolhidas para a rodada final foram transmitidas no YouTube uma semana antes da cerimônia de premiação para dar aos espectadores online a chance de votar em seus favoritos. Cantores, compositores e músicos vencedores receberam prêmios em dinheiro que variaram de $ 200 a $1.000.

Na categoria “Melhor Canção Iídiche Original”, o júri – composto por Lorin Sklamberg, vocalista da banda Klezmatics premiada com o Grammy e arquivista de som do YIVO Institute em Nova York; Abraham Lichtenbaum, diretor do Instituto IWO em Buenos Aires, e Ethel Raim, a cantora folk e co-fundadora do Centro de Música e Dança Tradicional – selecionaram três inscrições vencedoras entre 38 inscrições. O júri concedeu o primeiro prêmio à dupla moldova Efim Chorny e Suzanna Gherghus por sua canção, “S’iz Dorem-Amerike” (It’s South America), enquanto a vencedora pelo voto popular foi a cantora brasileira Tânia Grinberg, por sua canção, “Naye Velt” (Novo Mundo).

Na categoria de “Melhor Novo Tema Klezmer Instrumental”, o júri atribuiu ao norte-americano Nat Seelen o prêmio máximo por sua “Suíte 1973”. Seelen toca clarinete na banda klezmer de Boston, Ezekiel’s Wheel. Os eleitores online escolheram “Rusanivski Kosatchok” do compositor ucraniano Mitya Gerasimov como o prêmio de escolha popular para a melhor tema klezmer. Nicolaas Cottenie, da Alemanha, ganhou o segundo prêmio por sua composição, “Khosidl fur das Neue Lebn”, uma dança hassídica para a nova vida, e o músico ucraniano Gennadyi Fomin levou para casa o terceiro prêmio com a música “Golden Fish”.

O prêmio máximo de melhor videoclipe foi concedido ao artista punk klezmer americano de Berlim, Daniel Kahn, e à soprano israelense Sveta Kundish, por “Di Mentshn-Freser”. A música, cujo título se traduz como “Canibais”, foi escrita por Solomon Small em 1916 e descreve o sofrimento da humanidade com as pragas ao longo da história. O videoclipe socialmente distanciado tece imagens de arquivo da pandemia de gripe de 1918 com os cantores vagando pelo interior da Alemanha no auge do confinamento do coronavírus.

Os eleitores online também homenagearam a estrela do teatro iídiche israelense Yoni Eilat com “Zol Zayn” (“Que seja”) de Joseph Papiernikov com o prêmio de juri popular.

A atriz, cantora e rapper suíça Lea Kalisch recebeu o segundo prêmio por seu vídeo de rap feminista em iídiche-inglês, “Eshet Chayil of Hip Hop”.

Outro rapper, o sul-africano Sam Turpin, recebeu o terceiro lugar com seu videoclipe “Sahara Flow”.

Alem disso, foram atribuidos a Alejandra Czarny da Argentina (Oyf Yeden Breg Fun Yam) o prêmio de melhor contribuição da America Latina, e aos brasileiros Alexander Parke, Gabriel Neistein (Baião Hassídico) e aos argentinos Joni Strugo e Juan Grabina (Un Barquito de Sal) os premios de Revelações Jovens.

Também foram concedidas menções honrosas pelo conjunto da obra, as seguintes pessoas que trabalham ou atuaram no sentido de promover a cultura e a música judaica e o idioma Iidishe: prof, Sonia Kramer, do projeto Viver com Iidishe, do Rio de Janeiro; maestrinas Sima Halpern e Muriel Waldman e a cantora Cilly Litvak, de São Paulo.

Além da premiação Bubbe, o festival teve apresentações musicais especiais como a da cantora norte-americana Eleonore Reissa, do Duo argentino Lerner y Moguilevsky, do grupo Viver com Iidishe, e da fenomenal banda russa Dobranotch, de São Petesburgo.

Outras atrações especiais foram as apresentações dos documentários Chava Alberstein – Uma Fonte de Inspiração, e Um Beijo no Seu Coração, que serão apresentados em dezembro próximo, no Festival Yiddish New York, e a reapresentação do musical José e seu Manto Tecnicolor, da cantora Fortuna com Rafael Zolko. E dentre as palestras: Klezmer nos Pampas, com Claudio Levitan, Natalio Sturla e Judith Elkis, Danças Folclóricas, com Helio Plapler, Gingi e Ieda Bogdansky, Os Music Halls de Londres, com Vivi Lachs, e Gravações Históricas, com abraham Lichtenbaum da IWO de Buenos Aires.

Todos os eventos ainda estão disponíveis e podem ser assistidos pelo no site do IMJ Brasil: acesse.