Seu nome não é muito conhecido fora da Alemanha, mas Sophie Scholl é uma figura icônica em seu país natal e sua história, extraordinária.
Sua resistência é recontada inúmeras vezes em livros, filmes e peças de teatro. E continua a inspirar as pessoas.
Seu pai era prefeito da cidade de Forchtenburg e Sophie, junto com seus cinco irmãos e irmãs, foi criada em uma família luterana na qual os valores cristãos eram importantes.
Mas quando ela chegou à adolescência, Adolf Hitler estava governando o país.
No início, Sophie e seu irmão mais velho Hans apoiaram o Partido Nacional Socialista. Como muitos outros jovens, ele se juntou ao movimento da Juventude Hitlerista e ela à sua organização irmã, a Liga das Meninas Alemãs.
Seu pai, um crítico fervoroso de Hitler, ficou horrorizado com o entusiasmo inicial deles. E a influência da família e dos amigos gradualmente começou a fazer efeito.
Então os irmãos começaram a perceber a forma como os conhecidos judeus eram tratados e passaram a ver o regime com olhos cada vez mais críticos.
E na época em que Hitler invadiu a Polônia, Sophie já fazia oposição ao führer.
Enquanto jovens alemães eram enviados para lutar, ela escreveu, com amargura, a seu namorado Fritz Hartnagel, que também era soldado: “Não consigo entender como algumas pessoas continuamente arriscam a vida de outras. Nunca vou entender e acho que é terrível. Não me diga que é para a pátria”.
Sophie seguiu os passos de seu irmão Hans e ingressou na universidade de Munique, onde ele estudava medicina.
Os irmãos tinham o mesmo grupo de amigos, que diziam ter se unido pelo apreço mútuo pela arte, cultura e filosofia. Sophie, que estudou medicina e biologia, gostava de dançar e tocar piano, e era uma pintora talentosa.
Mas aqueles eram tempos violentos. Eles viviam em uma ditadura e estavam determinados a resistir.
Havia apenas seis membros do grupo Weiße Rose (Rosa Branca), originalmente fundado pelo irmão de Sophie, Hans Scholl, e seu amigo Alexander Schmorell. A eles, se juntaram Sophie, Christoph Probst e Willi Graf, e um de seus professores, Kurt Huber.
Apoiados por uma rede de amigos e simpatizantes, o grupo imprimia e distribuía folhetos, incentivando os cidadãos a resistir ao regime nazista, denunciando o assassinato de judeus e exigindo o fim da guerra.
“Não seremos silenciados”, diz um planfleto, “nós somos sua consciência pesada, a Rosa Branca não o deixará em paz”.
O grupo produziu seu sexto panfleto no início de 1943 e distribuiu na universidade.
Seria o último.
Enquanto os papéis caíam no chão, ela foi observada por um zelador que a entregou à Gestapo – a polícia secreta nazista.
Ela e o irmão foram interrogados e, após um “julgamento-espetáculo”, condenados à morte. Eles se recusaram a trair o restante do grupo, mas as autoridades os rastrearam de qualquer maneira. Em poucos meses, todos os membros foram executados.
Na manhã em que foi para a guilhotina, Sophie, de 21 anos, disse:
“Um dia tão lindo e ensolarado, e eu tenho que ir… O que importa a minha morte se através de nós, milhares de pessoas são despertadas e movidas para a ação?”
Essas palavras, sua bravura, ainda hoje são honradas na Alemanha, onde escolas e estradas levam seu nome e o de seu irmão.
Texto: Jenny Hill
Correspondente da BBC em Berlim (Alemanha)