Arquivos revelam a expulsão de 20 mil atletas judeus de times de futebol da Alemanha durante o nazismo

Arquivos esquecidos dos anos 1930, encontrados nos porões da sede do FC Nuremberg, revelaram mais de 12 mil fichas, ainda intactas, de membros do clube daquela época. Destes, 143 eram judeus.

A descoberta chamou a atenção de Bernd Siegler, historiador e curador do museu do clube, que decidiu analisar os documentos e, à cada virada de página, surgiram aspectos tenebrosos da história do Nuremberg.

Nas décadas de 1920 e 1930 o clube estava na liderança do futebol alemão, tendo levantado a “Salva de prata” – símbolo maior da conquista do título de campeão -em seis oportunidades.

Foi em 1933 que começou gradualmente a “limpeza” étnica na Alemanha nazista, sob a forma de discriminação contra os judeus. Assim que Hitler assumiu o poder, muitos clubes se anteciparam a eventuais determinações do regime e excluíram dos seus quadros membros e atletas judeus.

Na primavera daquele ano, 14 clubes do sul e sudoeste da Alemanha se reuniram para firmar a chamada “Resolução de Stuttgart”, que dizia: “Saudamos a nova ordem nacional e estamos prontos para excluir dos nossos quadros todos os membros judeus”. Entre os signatários estavam clubes renomados, como Bayern de Munique, 1860 Munique, Eintracht Frankfurt, Karlsruher, Stuttgarter Kicker e, claro, o Nuremberg.

A resolução foi aprovada por unanimidade em 27 de abril de 1933. Um dia depois, os clubes, com o Nuremberg tomando a dianteira, enviaram uma carta aos “proscritos” comunicando a sua expulsão do clube em 30 de abril.

Calcula-se que aproximadamente 20 mil futebolistas judeus ativos nos seus clubes na Alemanha tenham recebido uma carta como esta, enviada pelo Nuremberg aos seus 143 membros judeus:

“Caro associado, estamos honrados em levar ao seu conhecimento que o 1. FC Nuremberg está excluindo do seu rol de membros todos os judeus. Com saudações esportivas, firmamos a presente”.