Descendentes de nazistas organizam marchas contra o antissemitismo e pedem perdão aos sobreviventes do Holocausto

Um grupo com sede em Tubingen, na Alemanha, promoveu uma série de manifestações em várias cidades com descendentes de nazistas para pedir perdão aos judeus pelo Holocausto e protestar contra uma série de incidentes antissemitas que vêm acontecendo em vários países.

“A Kristallnacht foi a porta de entrada de tudo o que aconteceu durante o Holocausto”, afirma Claudia Kiesinger, coordenadora nos EUA da “March of Life” – um movimento lançado sob os auspícios da Igreja Evangélica e que não tem ligação com o programa educativo Marcha da Vida, criado em 1988.

A organização, que têm entre seus membros um grande número de descendentes de nazistas, procura os sobreviventes do Holocausto para pedir perdão pelos crimes. “As coisas poderiam ter sido diferentes”, afirma Kiesinger. “Se o povo alemão tivesse saído para as ruas no dia seguinte à Kristallnacht e dissesse: ‘Nós não queremos que isso aconteça, isso é ultrajante’, talvez algo tivesse mudado, ou talvez Hitler não teria ido tão longe. Mas, para mim, percebi o quanto é importante se manifestar e não ficar calado, nem se omitir”.

O pastor Jobst Bittner afirmou que fundou o movimento porque queria romper o que chamou de “véu de silêncio” que envolvia grande parte da história do Holocausto na Alemanha. “Tubingen é uma cidade universitária que se tornou o campo de treinamento para inúmeros criminosos de guerra nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e eles foram diretamente responsáveis pela morte de pelo menos 700.000 judeus. A maioria da população simplesmente assistiu e permaneceu em silêncio. Reconhecendo que o silêncio de hoje em relação ao antissemitismo e ao ódio aos judeus tem a mesma dimensão que o silêncio de nossos ancestrais alemães que incentivaram o Holocausto, começamos a ensinar aos membros de nossa igreja a investigar a verdadeira da história de suas famílias”.

Bittner define a missão em três questões: “lembrar o passado e dar voz aos sobreviventes do Holocausto; buscar a reconciliação, o que envolve cura e restauração entre descendentes de vítimas e de autores e, finalmente, tomar uma posição a favor de Israel e contra o antissemitismo”.