Fauda é a série mais assistida no mundo árabe

A série israelense Fauda se tornou a mais assistida no mundo árabe na Netflix. O criador da série, AviIssacharoff afirmou: “Acho que parte do sucesso é a língua, já que Fauda foi traduzida para a língua árabe e também estamos trazendo a história dos dois lados, não apenas para o lado israelense”.

A terceira temporada de “Fauda” finalmente chegou à Netflix. Foi uma longa espera: a segunda leva de episódios terminou em 2018. Esse hiato comprido se explica, em parte, pelo orçamento restrito. A aventura realizada pela produtora israelense Yes é resultado de uma feliz (nesse caso) combinação de falta de recursos com criatividade. Não há grandes efeitos ou filmagens requintadas. “Fauda” se garante naquilo que é essencial: os ótimos roteiros. Acompanhamos as aventuras de uma unidade secreta do exército de Israel, o Mistaaravim. Os agentes são capazes de emular o inimigo (o Hamas) com perfeição. Assim, se infiltram para combater o terrorismo tramado na Faixa de Gaza. Eles falam hebraico e árabe com a mesma naturalidade. Esse bilinguismo tão natural funciona como uma metáfora da proximidade cultural entre vizinhos judeus e muçulmanos — algo que infelizmente se dilui em guerras dramáticas.

Reencontramos o protagonista, Doron (LiorRaz), vivendo na Cisjordânia. Ele usa a falsa identidade de um treinador de boxe de origem palestina. Seu aluno, Bashar Hamdi (Ala Dakka), é um garoto de 19 anos, filho de um militante do Hamas que está prestes a deixar a cadeia depois de 20 anos preso. A relação entre professor e pupilo é forte e se aprofundou graças à carência que o rapaz sente pela ausência do pai. Doron frequenta a casa da família e partilha da intimidade deles sem levantar desconfianças. Até que é descoberto e tudo muda. Os dramas que se desenrolam são reflexos dos antagonismos que marcam aquele cenário geopolítico. Doron e Bashar simplesmente não podem ser amigos. Essa realidade inexorável é uma das mensagens da série.

Fonte: Patricia Kogut/O Globo