Nazismo “surfa” na pandemia e denúncias triplicam na internet

Grupos de extrema-direita, incluindo neonazistas, têm aproveitado a pandemia para intensificar sua atuação no Brasil. Pesquisadores que monitoram fóruns extremistas na internet já identificaram postagens de conteúdo preconceituoso e xenófobo relacionado à covid-19: denúncias sobre esse tipo de atividade mais do que triplicaram.

Estes números são daSafernet Brasil, associação sem fins lucrativos que monitora crimes e violações de direitos humanos na web. A quantidade de alertas feitos à entidade sobre atividade neonazista na internet aumentou 253% na comparação entre abril deste ano, já durante a pandemia, ante o mesmo mês do ano passado.

Alusão ao nazismo é crime no Brasil, punível com prisão e multa. Apesar disso, pesquisa realizada pela antropóloga Adriana Dias, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), já apontou a existência de 334 células neonazistas em atividades no país.

O professor Odilon Caldeira Neto, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), também estuda a atividade de neonazistas e de outros movimentos de extrema-direita no Brasil. Ele já identificou a mobilização deles por conta da pandemia. Por isso, criou junto com colegas um projeto para acompanhar essa atividade, o “monitor: covid-19 e a extrema-direita”. Ele afirmou que, de forma geral, os extremistas apontam determinados grupos ou populações como os culpados pela pandemia.”Neonazistas vão dizer que há uma conspiração de judeus por trás do vírus. Outros grupos de extrema-direita vão dizer que isso é uma tentativa da China de desestabilizar o mundo”.

Para Caldeira Neto, a crise econômica brasileira, aliada à pandemia, são uma “janela de oportunidade” para o crescimento de movimentos extremistas. “É fácil querer culpar um inimigo, um bode expiatório, pela nossa situação”.

Carlos Reiss, coordenador-geral do Museu do Holocausto, em Curitiba, lembrou que uma crise econômica e política combinada com reflexos da epidemia de gripe espanhola contribuíram para a ascensão do nazismo na Alemanha durante década de 1930.Para o pesquisador, levando em conta o histórico alemão, é preciso estar alerta ao contexto atual do Brasil. Segundo ele, o país também está em crise política e econômica, tem movimentos que defendem saídas autoritárias e antidemocráticas, e isso torna-se mais preocupante na pandemia.


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