Sobrevivente do Holocausto, Edith Eger lança livro aos 93 anos

A editora Sextante lançou o livro “A liberdade é uma escolha“, da psicóloga Edith Eger, também autora da premiada autobiografia “A Bailarina de Auschwitz“.

Nascida em Kassa, na Hungria, ela foi cortada da seleção de ginástica olímpica do país apenas por ser judia.

Ao desembarcar em Auschwitz, seus pais foram enviados às câmaras de gás e ela foi obrigada a se apresentar para Josef Mengele, o “Anjo da Morte”.

“Em Auschwitz, aprendi que a liberdade tinha que vir de dentro para fora. Comecei a olhar os guardas e percebi que os prisioneiros eram eles, então decidi não levar nada disso para o lado pessoal”.

De Auschwitz, Eger foi levada para o campo de Gunskirchen, na Áustria, e libertada em maio de 1945.

Evitava falar sobre seu passado até que, aos 40 anos, entrou na faculdade de psicologia.

“Meu supervisor me disse para fazer doutorado, mas eu falei que isso não era nada realista, porque eu teria 50 anos quando fosse defender minha tese. Sabe o que ele me respondeu? “Não se preocupe: você vai ter 50 anos de qualquer jeito”.

Ela fez doutorado e passou mais de 40 anos trabalhando para o Exército americano, atendendo soldados que voltavam para casa com estresse pós-traumático.

Em “A liberdade é uma escolha”, ela descreve sua abordagem terapêutica como “eclética, uma mistura de intuição com teorias práticas cognitivas”.

A psicóloga explica: “Fui submetida à perda, à tortura, à fome e à constante ameaça de morte e descobri estratégias de sobrevivência e liberdade que uso até hoje”.

Eger defende que devemos pensar sobre os nossos pensamentos, ouvir nossa “autoconversa”.

“Se ela for cheia de cobranças e recriminações — ´eu não devia´, ´sim, mas´ —, precisa ser substituída por um papo mais gentil e amoroso”.

O que importa é a maneira como você vê as coisas.

  • “Vítima ou sobrevivente?”
  • “Vingativo ou capaz de seguir em frente?”
  • “Vivendo refém do passado ou vivendo no presente?”
  • “Orientado por problemas ou por soluções?”
  • “Evoluindo ou revolvendo o passado?”

Ela acrescenta: “Embora o sofrimento seja universal e inevitável, acredito que podemos decidir como responder a ele. Procuro estimular o poder de escolha dos meus pacientes para uma mudança positiva. Ninguém pode tirar de você o que você colocar na sua mente”.

Outros aspectos que ela enfatiza são a bondade e a gentileza. “Em um campo de concentração, tudo o que tínhamos era um ao outro. Se você fosse apenas “eu, eu, eu”, você não conseguiria sobreviver em Auschwitz”.

Eger conclui para a importância das ações concretas. “Espero que você veja como é possível cozinhar uma refeição e levá-la aos ´sem-teto´. Amor não é apenas o que você sente, é o que você faz”.

Edith destaca que tem muito orgulho de ter uma herança judaica porque “meus ancestrais não desistiram. É por isso que estou aqui e, acredite, eles não tiveram vida fácil. E, no entanto, disseram: ´isso é temporário e podemos sobreviver´”.